quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Vice-presidente do Egito El-Baradei renuncia após onda de violência

Afastamento de El-Baradei foi depois de repressão policial que causou de 95 a dois mil mortos no Egito. 
O país está sob o estado de emergência, envolvendo toque de recolher.

O ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2005 e ex-diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de 1997 a 2009, Mohammed el-Baradei, renunciou ontem como vice-presidente para Relações Internacionais do Egito. A saída de um dos líderes do movimento que derrubou o então presidente Mohammed Morsi, em julho, aconteceu depois de uma operação que desmontou acampamentos de muçulmanos. A ação policial deixou números incontáveis de pessoas mortas e centenas de feridos. Os acampamentos foram montados em 3 de julho, mesmo dia em que o Morsi foi retirado do poder pelos militares e detido em local sigiloso. 

A entidade Irmandade Muçulmana, à qual Morsi é ligado, chamou a ação de golpe e se recusou a negociar com as Forças Armadas, que montaram um governo interino, com a participação e apoio de El-Baradei. Ele assumiu o cargo em 14 de julho, após convite do ministro da Defesa, general Abdel Fattah al-Sisi.

A decisão de renunciar aconteceu horas depois de o Governo interino egípcio ter decretado estado de emergência por um mês em todo o país e toque de recolher em 10 províncias, incluindo a capital Cairo. Desde ontem, moradores dessas regiões deverão estar em casa às 19 horas e só poderão sair às 6 horas locais.

Segundo o Ministério da Saúde, 95 pessoas morreram e 874 ficaram feridas durante confrontos em todo o país, sendo o maior número na capital, onde foram desmontados os acampamentos da praça Al-Nahda e da mesquita de Rabia al-Adawiya.

No entanto, jornalistas e manifestantes islamitas mencionam números maiores, de 124 a dois mil mortos. Desde então, os islamitas se recusam a negociar com o novo administração. Algumas dessas manifestações terminaram em confrontos violentos, que deixaram cerca de 300 mortos em 45 dias. Dentre as vítimas estão o cinegrafista da emissora britânica SkyNews, Mick Deane, de 61 anos, e a jornalista Habiba Ahmed Abd Elaziz, 26, da emissora Gulf News. Um repórter da Agência Reuters foi baleado na perna. (das agências)

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